Antes de mais nada, marinheiro de primeira viagem em meus artigos, eu gostaria de avisá-los: se você acha que vai encontrar aqui um artigo científico de 1.456.222 conteúdos e bases legais e muito blá, blá blá… pode esquecer.
Aqui, os temas serão tratados em papo reto. Sem maiores delongas e sempre com o objetivo de fazer com você consiga visualizar que o mercado de câmbio não é uma nave espacial da NASA que você a vê decolar, sabe que é complicado, acredita que ela pousou na Lua, mas não sabe como. Não é bem assim. É bem mais simples. Bem, sem maiores rodeios eu gostaria primeiro de contar como eu fui parar nesse mercado.
Após ter me formado em Direito, em 2005, eu tinha uma única certeza: eu não exerceria a advocacia, de jeito nenhum. Todo o processo é muito lento e gosto de mercados mais imediatos.
Atuei no Banco Ibi e, quando ele ameaçou ser vendido para um banco comercial eu decidi que não viveria do mercado financeiro. Eu estava enganada.
Para “fugir” desse mercado, encaminhei meu CV para o pai de uma amiga (grande professor que tive na escola do câmbio) e ele me convidou para atuar em uma Corretora.
A grana não era dispensável naquela época e aceitei o desafio. Anos depois, com o nascimento da minha segunda filha, decidi que esse mercado era insano demais para mim e decidi me dedicar à docência, achando que essa profissão seria muito mais “light” que o mercado financeiro. Eu estava enganada, novamente.
Empreendi, criei uma empresa de consultorias e cursos, mas sempre “flertei” (nossa, essa palavra já entregou meus anos de atuação rsrsr) com o mercado de câmbio.
No final de 2018, decidida a sair em um “ano sabático” eu fui almoçar com um grande amigo (hoje meu Diretor) e dividir com ele a minha decisão.
Claro que ele ficou pasmo e me lançou um desafio “volta para o mercado, venha trabalhar conosco!”. E, cá estou, hoje na Advanced Corretora de Câmbio, como Gerente Geral da área Comercial, respondendo por negócios no Brasil, USA e Portugal.
Agora que já estamos apresentados, que consegui resumir um pouco de cerca de 15 anos de experiência de mercado, eu quero começar a te contar um pouco sobre o que é o câmbio no Brasil e os motivos pelos quais eu me apaixonei por esse segmento.
Vamos por partes, meu amigo.
A primeira coisa que você precisa evitar, de qualquer maneira, é fazer a perguntinha mais infame que possa existir a alguém que atue nesse segmento: “mas é câmbio manual ou automático?”. Acredite, essa piada já não tem mais tanta graça assim. Rsrsrsrs
O óbvio precisa ser dito, alguém já disse essa frase antes. E, então, eu vou te dizer o que “não fazemos” quando trabalhamos com câmbio:
- Você tem dólares mais baratos do que em Casas ou Corretoras de Câmbio;
- Quanto você acha que o dólar estará cotado no ano de 2021 de nosso senhor;
- É possível “segurar o preço do dólar” e eu te pagar depois?
Agora que você já sabe o que não perguntar, chegou a hora de eu te contar um pouco como esse mercado funciona.
Nos idos dos anos 90 (alguns leitores estarão lembrados dessa fase) para se fechar um câmbio no Brasil, as empresas, necessariamente, precisavam de autorização do Banco Central do Brasil (em outro artigo vou te contar um pouquinho sobre o papel do BACEN nessa história toda).
As empresas apresentavam documentos que comprovassem a operação, destinatário, dentre outras informações e, somente após a autorização do Banco Central, o câmbio poderia ser fechado.
O mercado, então, pediu por flexibilização. O que isso significava? Que o mercado fosse mais “aberto”, que os players pudessem, livremente, negociar suas condições.
Mesmo com certa “abertura”, o percentual aplicado à corretagem praticada por Corretoras de Câmbio, por exemplo, ainda era ditado pelo Banco Central.
Felizmente, no final da década de 90 também, as corretoras conseguiram que esse percentual pudesse ser livremente pactuado pelas partes e a concorrência trouxe muitos benefícios para importadores e exportadores.
Mas, ainda não era suficiente. O mercado pedia mais e, então, junto com a grande flexibilização aplicada pelo BACEN, tivemos a possibilidade de as corretoras atuarem como “bancos de câmbio” em operações que não ultrapassem USD 100.000,00 (ou moeda equivalente).
Obviamente, não podemos esquecer que junto com essa liberdade de atuação por parte das Corretoras tivemos, também, um movimento bastante intenso da adequação das regras de Compliance necessárias ao mercado.
E, por fim, um grande marco foi atingido em 30.04.2020 – sim, meus caros, em meio à pandemia, as Corretoras conseguiram que o limite operacional para atuação como “bancos de câmbio” fosse ampliado para USD 300.000,00.
Quero terminar esse artigo deixando um “gostinho de quero mais” …
No próximo artigo eu vou te contar o que esse limite operacional significa, na prática mesmo – sem enrolação – como são meus artigos!
Espero que tenha gostado!
Até a próxima e “bora lá”.
Roberta Folgueral
Gerente Geral da área Comercial da Advanced Corretora