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Como o setor agropecuário se manteve frente a pandemia da Covid-19?

É sabido que o setor agropecuário no Brasil têm  poder sobre a balança comercial brasileira desde o início da formação do país. Muito da nossa história, se deve ao fato de que muitos recursos e a entrada de capitais veio também em fator das exportações latifundiárias a séculos perpetuadas pelas empresas brasileiras. A agropecuária é o motor principal da economia brasileira, fornecendo produtos e bens a outros países, ou seja dependendo da demanda externa. Devido a essa dependência da demanda externa de suprimentos e commodities brasileiras, busca-se entender os impactos que uma ruptura dessas contínuas exportações, oriunda de uma pandemia extremamente preocupante, poderia ocasionar ao setor de maior relevância da economia brasileira.

O maior problema para resolução da crise é a incerteza. Não saber quando as medidas de restrição irão acabar, quais medidas serão tomadas pelos agentes públicos e quais serão os efeitos nas cadeias produtivas e no sistema financeiro mundial, trazem previsões e ou prospecções que provocam sentimentos de sufocação para os empreendedores e trabalhadores ao redor do mundo.

Devido a crise pandêmica, as empresas estão buscando fornecedores de suprimentos mais próximos. Em decorrência disso, as parcerias antigas das cadeias produtivas mundiais se desintegram, gerando uma desconexão com as regiões. Atrelado a isso, a crise traz consigo o problema drástico do desemprego em alta escala. Existe um ciclo repetitivo, em que pela falta de consumo, as empresas fecham, as quais por sua vez demitem funcionários, os quais não conseguem capital pro consumo e não conseguem linhas de crédito, aumentando a inadimplência e assim seguindo a um fim, no qual há um crescimento exacerbado da extrema pobreza. O Fundo monetário Internacional tinha previsto, no dia 11 de março, um decréscimo de 3% na economia mundial em 2020, com uma perda de 1 trilhão de dólares. Contudo, o Banco Mundial, no dia 16 de junho, fez uma prospecção da perda de 5,2% de retração. Denota-se disso que, embora as previsões façam o melhor cálculo possível, a incerteza do avanço científico e a dependência de medidas efetivas dos governos, causa assim, uma enorme aleatoriedade nos números. Há quem acredite em mudanças ainda em 2021, porém o UNCTAD, agência econômica da ONU, previu uma baixa de 40% nos investimentos externos diretos e com isso uma recuperação lenta com consequências positivas somente em 2022. Fuga de capitais nos países emergentes, desvalorização cambial, diminuição no preço do petróleo, estímulo ao protecionismo, como e enquanto tempo a economia irá se recuperar? Respostas difíceis de serem previstas, o que segue assim, mitigando as forças do comércio e da economia mundial à passos largos.

Para muitos, todos os setores da economia brasileira, sofreriam baixas. Com a diminuição da demanda externa e baixa nos preços do barril de petróleo, chegando a operar no negativo, os problemas se espalhariam com tamanha facilidade para todas as áreas da economia brasileira, já que depende muito do comércio exterior para ganhar um superávit e fechar no positivo a balança de pagamentos. Entretanto, o setor agropecuário brasileiro teve um acréscimo nos primeiros meses da pandemia. O que poderia explicar isso? E como isso está ocorrendo? Antes disso é preciso explicar como funcionam as cotações nas bolsas internacionais que trabalham com os preços de commodities. E ainda, como o país lida com esse setor historicamente. O Brasil é um país, originariamente, muito ligado ao setor agropecuário e historicamente depende muito dele para o crescimento da economia. Os governos geralmente buscam formas de tornar esse setor o mais líquido e com menos barreiras possíveis.

Contudo, existem ainda inúmeras regras e especialmente proposições ambientais que delimitam quais os limites dessa área produtiva e sobretudo existem também diversas agências regulatórias. Por outro lado, há ainda, bancos, os quais fornecem linhas de crédito para impulsionar o setor e em auxílio os governos, que tentam abrir novos diálogos e espaços internacionalmente para a exportação de mercadorias brasileiras. Os preços dessas commodities estão ligados às cotações e aos mercados financeiros internacionais, como em especial a Bolsa de Chicago. Os contratos para a venda funcionam basicamente como uma apólice de seguros, com uma data futura em que estão definidos o valor do bushel com uma cotação fixa. Isso indica que, os produtores e consumidores dessas commodities temem muito as oscilações de preços futuras, o que dessa maneira os protege, por uma certa quantidade de tempo, dos riscos como: causas ambientais/naturais, desde que consigam entregar tudo o que se comprometeram a vender. Para além disso, o setor agropecuário no Brasil, ao longo dos anos, tem aumentado consideravelmente sua produtividade segundo o IPEA. Em virtude desses fatores positivos, torna-se mais claro a resposta para um crescimento em um momento tão delicado. Outro fator importante, se deve às taxas cambiais.

Como muitos investidores retiram capital implantado no Brasil a moeda brasileira começa a desvalorizar frente ao dólar e ao euro. Isso torna as importações mais inflacionadas, entretanto aumenta o faturamento das exportações, tendo em vista que as transferências são feitas em dólar e convertidas a moeda nacional, aumentando assim a rentabilidade. No caso específico deste momento, houveram assim muitos fatores, pelos quais, somados conseguiram trazer um resultado positivo para o setor agropecuário brasileiro. Como se explica na página do governo brasileiro, houve um desempenho excepcional provocado pelas lavouras, na qual o IBGE destaca a soja e o arroz demonstrando que em maio as vendas aumentaram 17,5% pela média diária dos 4 primeiros meses do ano. O ano de 2020 para a Agropecuária sinaliza um acréscimo de 2,5% em virtude do aumento da produtividade da safra de grãos podendo gerar ainda esse ano 250,9 milhões de toneladas, segundo o Ministério da Agricultura.

Conclusão

Assim se observa que, uma gama de circunstâncias trouxe esse resultado à tona. O governo federal conseguiu abrir desde janeiro de 2019 60 novos mercados para as exportações, como a venda de castanha-de-baru para a Coréia do Sul e melão para a China. Com um aumento na produtividade das safras e vendas baseadas em cotações de preços antigas, o primeiro trimestre de 2020 gerou um crescimento de 1,9% segundo o IBGE, em relação ao último trimestre de 2019. Dessa forma, pode se explicar o que ocasionalmente tornou o setor agropecuário o único a crescer em meio a pandemia da Covid-19, assim espera-se que mesmo embora as incertezas do futuro os lucros e os crescimentos possam continuar aumentando devido as cotações passadas.

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