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O mercado não é para pequenas e médias empresas?

“Uma das consequências da Revolução Industrial é que o mundo agora tem uma população muito maior do que podia suportar anteriormente. Cada indivíduo, nos países capitalistas, também vive num padrão muito mais alto do que antes.”

Ludwig Von Mises, economista, filósofo e professor

Não é possível que a minha empresa seja uma empresa multinacional, é uma empresa pequena!

Quem nunca ouvi tal sentença em sua vida? De certo que por muitas vezes vocês ouviram isto. É uma constante que vejo no mercado, onde muitas pessoas tendem a ter este (nefasto) pensamento: a impossibilidade de uma empresa pequena ser uma multinacional. Verdade? Mito? Seja por meio das exportações – vendendo produtos nacionais aos mercados mundiais –, seja por meio das importações – acessando os mercados internacionais para aquisições de bens não produzidos no mercado nacional ou com preços mais módicos (competitivos) –, ou por meio de uma forma mais “radical”, montando uma filial internacional; o senso comum demostra que ir aos mercados globais é tarefa impossível, um objetivo estratégico inatingível as micro e pequenas empresas brasileiras.

Uma triste e desastrosa percepção. Um fato que tem inibido a iniciativa de alguns empreendedores e impede-os de criar um novo tipo de organização que tem se destacado no mundo atual: as empresas born globals. Empresas que, ao nascer no mundo empresarial, já trazem em sua cultura a atuação em mercados globais.

São estas as empresas que entenderam, de forma escorreita, as ideias descritas no texto da epígrafe, de Ludwig Von Mises, de que o crescimento populacional, pós-Revolução, foi acompanhado de uma melhora no bem-estar dos indivíduos, a nível mundial. Um processo que, desde os idos do Século XVII não tem parado. O resultado: maiores demandas por consumo de bens; demandas globais a que devem ser atendidas. Progresso social, econômico e tecnológico, os quais ensejaram empresas de atuação além de suas fronteiras nacionais, cuja evolução (natural) foi a formação de empresas que já nascem com a noção de atuação global em suas culturas organizacionais.

Ao analisar a teoria de negócios internacionais, eu percebo, com clareza e riqueza de detalhes, que não há quaisquer menções ao porte da empresa em todo o processo de internacionalização. Sim, é um processo que mescla aprendizado, experiência, ganhos e, por vezes, perdas; não esqueçamos os riscos de um negócio. E não… não se restringe a apenas grandes empresas.

O que os principais teóricos, lastreados por estudos, observações na atuação no mundo real, no mundo dos negócios, e em diversas pesquisas sob como as empresas buscaram os mercados internacionais no pós-Guerra, identificam duas vertentes: a relativa aos recursos investidos e a vertente psicográfica. Este modelo, o da Escola de Uppsalla, é o mais conhecido e adotado no mundo. Suas observações são bastante pertinentes e conclusivas nos processos de internacionalização perpetrados pelas empresas.

Em um resumo bastante breve sobre a teoria, posso afirmar a vocês que o modelo afirma que as organizações, em primeiro plano, seguem para mercados psiquicamente mais próximos, onde os padrões culturais do povo não têm tanta diferença dos padrões locais. A outra vertente então, determina que as organizações iniciam a sua internacionalização com menor intensidade de capitais, ou seja, iniciando com exportações esporádicas, até consolidar-se neste novo mercado. À medida em que vai evoluindo investimentos mais robustos vão sendo feitos até que a organização faze o chamado Investimento Direto no Estrangeiro, que é a criação de uma filial internacional. Nasce uma empresa multinacional.

A ideia de buscar mercados mais próximos psicologicamente aliado as formas de entrada nos mercados que não envolvam tanto dispêndio de capitais, é a de minimizar o risco nas operações.

Redução do risco, com possibilidade de vender aos mercados globais, com um dispêndio de capital menor e, com o decorrer do tempo e das operações do negócio, com a oportunidade em conhecer melhor o mercado, ampliar o seu Market-share e, quem sabe, com o tempo e conhecimento, ter a segurança em montar uma empresa fora do Brasil. É possível sim, quando se sai do senso comum, quando se descobre tais possibilidades, quando se tem o conhecimento de como fazer. Em um mundo onde as demandas por produtos acirram-se cada vez mais.

É possível adentrar aos mercados globais, com uma equipe capacitada e focada em comércio exterior e negócios internacionais; com produtos que atendam aos gostos e preferências dos principais mercados internacionais. Temos capacidade sim de atender a estes mercados. A prática de outras empresas já provou, e cotidianamente nos atesta isto.

Tive a experiência em participar do processo de internacionalização de uma empresa pequena, um operador de turismo, ainda nos anos 2002-2003. Este operador de turismo tinha em seu principal mercado a Argentina. Começou com pequenas vendas ao mercado vizinho, foi se consolidando no mercado, o conhecendo, aumentando sua penetração e, por fim, criou uma filial em Buenos Aires.

E vocês já haviam imaginado isso? Suas empresas se tornando uma multinacional? Ela é micro, pequena ou média? É possível. Afinal, ninguém nasce grande!

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