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Prato futuro

Outubro é uma espécie de mês da alimentação. Nele foi criada a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), agora completando 75 anos, com o propósito de liderar esforços internacionais para combater a fome no planeta. Para reforçar o papel da entidade, em 16 de outubro de 1981, foi instituído o Dia Mundial da Alimentação, com o objetivo de conscientizar as lideranças mundiais e a opinião pública sobre os desafios da segurança alimentar e seus impactos para o desenvolvimento e paz mundiais.

Em relação àquela época, o problema da fome no mundo recuou. O próprio Brasil, que era um importador líquido de alimentos tornou-se um exportador de peso, chegou a segundo maior fornecedor para o mercado internacional e hoje está próximo de representar 20% do comércio internacional de alimentos. Como contraponto, em 2019 estimava-se que 850 milhões de pessoas no mundo ainda viviam sem acesso a comida em quantidade e qualidade suficiente para suas necessidades. Número que deve ter aumentado com os impactos da pandemia.

Quando se pensa no direito à alimentação, um dos desafios é o desperdício, e a ONU estima que 20% das proteínas animais e 30% dos cereais produzidos no planeta são desperdiçados. Recursos materiais, insumos, dinheiro público e privado, tempo, talento e trabalho também são perdidos por conta disso. E o Brasil, protagonista em produção e produtividade agrícola, está entre os dez países que mais desperdiçam (Agroanalysis, vol. 38, nº 8). Somos o fiel da balança na segurança alimentar mundial, mas também desperdiçamos com fartura.

Há perdas do campo à mesa do consumidor, caracterizando-se como um desafio estrutural e sistêmico. Não há dados precisos disponíveis, mas fala-se em 50% das perdas no abastecimento e consumo, 5% no processamento, cerca de 20% na produção e algo semelhante em transporte e armazenagem. Como se vê, há perdas em toda a cadeia produtiva, certamente com influência sobre o custo econômico e social da segurança alimentar.

São inúmeras frentes para se atacar o problema, desde macro soluções envolvendo governança das cadeias produtivas, políticas de governo, melhorias setoriais específicas e até mesmo propostas educativas como o ensino sobre conservação de recursos, já nos bancos escolares. Afinal, mudar essa realidade e seus paradigmas é começar a defender o prato futuro desde já, pois nesse desafio o homem é o que mais conta, seja como beneficiário ou como agente da mudança.

. Por: Coriolano Xavier, membro do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS) e Professor da ESPM.| Perfil — O Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS) é uma organização da Sociedade Civil, criada em 15 de abril de 2011, com domicilio, sede e foro no município de São Paulo-SP, com o objetivo precípuo de discutir temas relacionados à sustentabilidade da agricultura e se posicionar, de maneira clara, sobre o assunto.

O CCAS é uma entidade privada, de natureza associativa, sem fins econômicos, pautando suas ações na imparcialidade, ética e transparência, sempre valorizando o conhecimento científico.

Os associados do CCAS são profissionais de diferentes formações e áreas de atuação, tanto na área pública quanto privada, que comungam o objetivo comum de pugnar pela sustentabilidade da agricultura brasileira. São profissionais que se destacam por suas atividades técnico-científicas e que se dispõem a apresentar fatos concretos, lastreados em verdades científicas, para comprovar a sustentabilidade das atividades agrícolas.

A agricultura, apesar da sua importância fundamental para o país e para cada cidadão, tem sua reputação e imagem em construção, alternando percepções positivas e negativas, não condizentes com a realidade. É preciso que professores, pesquisadores e especialistas no tema apresentem e discutam suas teses, estudos e opiniões, para melhor informação da sociedade. É importante que todo o conhecimento acumulado nas Universidades e Instituições de Pesquisa seja colocado à disposição da população, para que a realidade da agricultura, em especial seu caráter de sustentabilidade, transpareça. | Website: http://agriculturasustentavel.org.br | http://www.facebook.com/agriculturasustentavel.

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